3. A citação a seguir faz parte de um diálogo de Platão,
e é Sócrates quem está falando.
Leia-a e responda
às questões.
“Ora, à minha função de parteiro (maieuseôs) pertencem todas as coisas que pertencem às parteiras,
mas delas difere pelo fato de eu partejar homens e não
mulheres, e também de eu cuidar de suas almas que
estão na iminência de dar à luz, mas não de seus corpos. E isto é o mais importante na nossa profissão: ser
capaz de provar, por todos os meios, se o pensamento
do jovem dá origem ao imaginário, isto é, ao falso,
ou ao fruto de uma concepção, isto é, ao verdadeiro.
No entanto, tenho pelo menos este atributo que é
próprio às parteiras: sou impróprio à concepção de
um saber [...], questiono os outros, mas [...] não respondo nada de nada, porque não há em mim nada
de sábio [...]. E a causa deste fato é esta: fazer partos,
a isso o deus me força, mas ele me retém de gerar.”
PLATÃO. Teeteto. In: DORION, Louis-André.
Compreender Sócrates. Petrópolis: Vozes, 2011. p. 54.
a) Explique no que consistia o “parto” realizado por
Sócrates.
b) Por que Sócrates conseguia fazer com que encontrassem o conhecimento verdadeiro, se ele argumentava tudo ignorar? Justifique.
a) Sócrates compara-se a uma parteira porque ele
faz “nascerem” as ideias verdadeiras na alma
daqueles com quem dialoga, ou seja, faz que os
jovens consigam acessar os conhecimentos a
respeito dos conceitos.
b) Apesar de a ignorância socrática poder ser lida
como uma parte de seu método, que consistia
em simular a ignorância para incentivar o interlocutor a expor suas ideias, que se mostrariam
errôneas, ela é um elemento importante de sua
filosofia, e é a percepção da própria ignorância
que o tornaria o mais sábio entre os homens.
Em diálogos como os da obra Teeteto, Sócrates
argumenta que, inspirado pelos deuses, ele é
capaz de motivar os interlocutores a acessar
o conhecimento verdadeiro que já carregavam
em suas almas, mas não é capaz de gerar tais
conhecimentos.